Santo do Dia – 03/11

SÃO MARTINHO DE PORRES, RELIGIOSO DOMINICANO

O convento de Nossa Senhora do Rosário, em Lima, era uma estrutura impressionante. Ali, no final de 1600, viviam 100 frades Dominicanos. Seu maior problema era financeiro.
Certo dia, o prior decidiu fazer um pacote, com alguns objetos preciosos, e foi vendê-los para pagar as dívidas e ter um pouco de alívio. O jovem converso, encarregado dos afazeres mais humildes, por ser mulato, correu atrás do prior e, sem fôlego, lhe disse: “Não venda os objetos preciosos, mas me venda como escravo”. O prior, petrificado, comoveu-se e mandou de volta aquele jovem que via todos os dias com a vassoura na mão e de bom humor, sem nunca se incomodar de ser “invisível” pela comunidade.

Cor da pele errada
Aquele jovem, um pouco mais que adolescente, chama-se Martinho: é de Lima, mas tinha a cor da pele errada, por ser a cor dos escravos. Sua mãe, Ana, era escrava, e tinha concebido Martinho por ter tido uma relação com seu patrão aristocrático espanhol, Juan de Porres. Uma história como tantas: uma mulher solteira com um filho ilegítimo, que era como inexistente. Mas Martinho era uma criança incomum: esperto, disposto, capaz, apesar de viver na miséria. Até seu próprio pai o percebeu, não obstante lhe tenha dado as costas, por tantos anos, por causa da cor da sua pele. Quando se transferiu para o Panamá, para desempenhar o cargo de Governador, Juan de Porres reconheceu seu filho e dispensou víveres à sua mãe para se manter com o menino, sem problemas.

Dom de curar
Martinho não foi apenas especialista em vassoura. Antes de entrar para o Convento, aprendeu, com alguns farmacêuticos vizinhos, as primeiras noções desta profissão. Além do mais, por algum tempo, frequentou uma barbearia, um trabalho que, não raramente, era associado ao de um cirurgião. Desta forma, em um convento lotado, o rapaz teve muitas oportunidades para ser apreciado como barbeiro e por dar bons conselhos, do ponto de vista médico. Mas, seu dom mais cristalino era a sua fé, que transparecia pelo seu modo de ser. Demonstrou a sua fé também com uma capacidade insuspeitável de transmitir o Evangelho aos pobres, que os entendia melhor que muitos outros.

Como São Francisco
A fama de Martinho aumentou rapidamente. Ele lembrava bem as incursões dos conquistadores no Peru. Por isso, o frade conquistou os corações, também de nobres e vice-reis. A ele são atribuídos sinais extraordinários. Mas, extraordinária era, certamente, a extensão da sua caridade. A enfermaria do convento, onde tinha a capacidade de curar, não apenas o corpo, o tornou uma autoridade indiscutível; muitas vezes, tornava-se casa provisória para migrantes e desempregados.
Para as crianças pobres, mandou construir um colégio, o primeiro da América do Sul. Além do mais, suscitava estupor também seu amor pelos animais, que os tratava com delicadeza e respeito. Tornou-se famoso o episódio dos ratos que roíam as roupas dos doentes. Martinho prometeu-lhes que mataria a sua fome se saíssem daquela casa. E assim foi. O convento ficou “livre” dos ratos e Martinho nunca se esqueceu de lhes levar comida.
Lendas, talvez, de uma história que, em todo o caso, fala de um amor pelas criaturas, semelhante ao de São Francisco de Assis.
Martinho faleceu serenamente na noite de 3 de novembro de 1639. Em 1962, o Papa João XXIII o proclamou Santo.

fonte: vaticannews.va

Santo do Dia – 02/11

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS

A Celebração dos fiéis defuntos é uma solenidade que tem um valor profundamente teológico, porque chama a nossa atenção para todo o mistério da existência humana, desde suas origens até o seu fim e para além também. A novidade introduzida pela nossa fé é a esperança: nós cristãos acreditamos em um Deus. que não é apenas Criador, mas também Juiz.

A morte é apenas uma porta …
Logo, Deus é também é um Juiz! O seu juízo vai para além do tempo e do espaço, em uma vida após a morte e na vida eterna, na qual o Reino de Deus se realiza plenamente. O julgamento do Senhor será duplo: além de responder individualmente às nossas ações, no final dos tempos, seremos chamados a responder-lhes também como humanidade.
Se morrermos em Cristo, porque vivemos a nossa vida em comunhão com Ele, seremos admitidos na Comunhão dos Santos.
A celebração de hoje se insere nesta perspectiva: a Igreja não esquece seus irmãos falecidos, mas reza por eles, oferece sufrágios, celebra Missas e oferece esmolas, para que também as almas, que ainda precisam de purificação, após a morte, possam alcançar a visão de Deus.

Cristo venceu a morte!
A morte é um acontecimento inevitável. Cada um de nós pode entender isso pela própria experiência pessoal. Segundo a visão cristã, porém, não é considerada um fato natural. Pelo contrário, é o oposto da vontade de Deus! Deus, o Senhor da vida, nos dá a vida em abundância e a morte é uma mera consequência do nosso pecado. Entretanto, em Cristo, Deus toma sobre si os nossos pecados e suas consequências. Desta forma, a morte se torna uma passagem, uma porta.
Graças à vitória de Cristo sobre a morte, podemos superar o medo que temos dela e a dor que sentimos quando atinge alguém que está próximo de nós.
Enfim, para o cristão, não há distinção entre vivos e mortos, porque nem os mortos são “mortos”, mas “defuntos”, ou seja, “privados das funções terrenas”, à espera de serem transformados pela Ressurreição.

História e origem desta celebração
A “pietas” humana para com os defuntos remonta aos primórdios da humanidade. Mas, como vimos, com o advento do cristianismo a perspectiva muda radicalmente.
Os primeiros cristãos, como podemos facilmente observar nas catacumbas, esculpiam a figura de Lázaro nos túmulos, como anseio de que seus entes queridos pudessem também voltar à vida, por intermédio de Cristo.
No entanto, somente no século IX começou a celebração litúrgica de um falecido, como herança do uso monacal, já em vigor no século VII, de empregar, dentro dos mosteiros, um dia inteiro de oração por um falecido.
Este costume, porém, já existia no rito bizantino, que celebrava os mortos no sábado anterior à Sexagésima, um período entre o fim de janeiro e o mês de fevereiro.
Mais tarde, no ano 809, o Bispo de Trier, Dom Amalário Fortunato de Metz, inseriu a memória litúrgica dos falecidos – que aspiram ao céu – no dia seguinte ao dedicado a Todos os Santos, que já estavam no céu.
Enfim, em 998, por ordem do abade de Cluny, Odilone de Mercoeur, a solenidade de Finados foi marcada para o dia 2 de novembro, precedida por um período de preparação de nove dias, conhecido como Novena dos Defuntos, que começava no dia 24 de outubro.

fonte: vaticannews.va