Centro de Acolhimento

Até o início da Pandemia, em março de 2020, os indicadores de saúde mental já apontavam o adoecimento de uma parcela significativa da sociedade: índice crescente de suicídio, depressão, ansiedade etc. A pandemia potencializou de maneira vertiginosa esse estado doentio civilizatório, acrescentando ao substrato da dor provocada por esses indicadores, outras demandas, em um curto espaço de tempo, e de maneira generalizada, tais como: o luto, o medo de morrer ou de ser contaminado, ou mesmo o medo de perder pessoas com quem temos profundos vínculos afetivos. Tudo isso, saiu da esfera do temor, da especulação para tornar-se uma realidade, um pesadelo gerador de angústia e sofrimento. Cenário de profunda perplexidade.

Foi a partir desse cenário sombrio e angustiante que emergiu a ideia de buscar algo a se fazer enquanto Igreja para atenuar a dor, o sofrimento de tantas pessoas, durante, mas também, no pós-pandemia.

Se quisermos usar os óculos da literatura sagrada, diríamos que fomos provocados: “Se alguém possuir recursos materiais e, observando seu irmão passando necessidade, não se compadecer dele, como é possível permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3,17). Ou ainda, como prestar socorro ao caído à beira do caminho? Como nos propõe uma das mais instigantes parábolas contadas por Jesus: o desafio de sermos os bons samaritanos em tempos de pandemia (Lc 10, 25-37). São proposições que não deixam tranquila a consciência de um cristão verdadeiro.

Sem dúvida esse comportamento nos remete ao grande imperativo da espiritualidade cristã: o imperativo do cuidado. Como bem definiu um renomado teólogo brasileiro L. Boff: “o cuidado significa uma relação amorosa com a realidade, importa um investimento de zelo, desvelo, solicitude, atenção e proteção para com aquilo que tem valor e interesse por nós. De tudo que amamos, também cuidamos e vice versa”. 

O Centro de Acolhimento Sagrado Coração de Jesus, este é o nome do projeto, iniciou suas atividades em 16 de setembro de 2020 e surgiu ainda embrionariamente com o intuito de oferecer suporte psicológico profissional às famílias enlutadas pela perda de entes queridos durante o período da pandemia do Covid-19, mas que, com o decorrer dos acontecimentos, das novas configurações e o surgimento de muitas ideias e propostas, ganhou um foco mais abrangente, tanto na questão do público ao qual seria destinado, como também no tipo de atendimento.

Em sua implantação já tínhamos ampliado o foco, tendo como um projeto que visasse oferecer serviços relevantes para a comunidade, mediante agendamento, com o apoio voluntário de profissionais e leigos.

A proposta do projeto é oferecer serviços em cinco dimensões: Psicológica, Samaritana, Jurídica, Espiritual/Conjugal e Demandas Médicas.

Atualmente, já ampliamos essas dimensões, já estão em pleno funcionamento as dimensões: psicológica, samaritana, nutricional, fisioterapia e psiquiátrica, ultimamente agregou ao Centro de Acolhimento um projeto de jiu-jitsu, que oferece aulas gratuitas 3x por semana.

Portanto, o Centro de Acolhimento Sagrado Coração de Jesus, foi gestado para cuidar e cuidamos com: ternura, cordialidade e compaixão. Estamos convencidos de esses sentimentos garantem a humanidade do ser humano, potencializam a nossa espécie nos fazendo pessoas melhores. O cuidado sana as feridas do passado dando leveza e oxigenando tempo presente. Cada ser humano ao nascer, já nasce precisando de cuidados e isso vai perdurar por toda a vida.

Para a realização do projeto precisávamos investir na infraestrutura do espaço de acolhida e de atendimento, o que demandou recursos, por isso, o Centro de Acolhimento conta com cada dizimista de nossa paróquia, pois sem a consagração do seu dízimo não teria sido possível a realização do projeto. As pessoas que chegam com um desconforto emocional, precisam em primeiro lugar encontrar um lugar aconchegante, uma boa acolhida, o mínimo de conforto físico, portanto, a nossa gratidão a cada dizimista: que cada um sinta-se corresponsável pelo projeto e seus tão significativos frutos.

Sem dúvida a pandemia tem sido uma grande noite escura ou mesmo um deserto árido que estamos atravessando, mas vamos chegar do outro lado, não sucumbiremos. Na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, apesar de terem sido inviabilizadas inúmeras ações evangelizadoras, a pandemia pode ter nos deixado órfãos, mas não nos deixou estéreis: direcionamos a força, a disponibilidade, o coração generoso e solícito dos nossos leigos para o socorro do caído, hoje não mais pelos salteadores da parábola, mas pela Covid-19. Superar a esquizofrenia espiritual, equilibrar a fé com as obras é algo que sempre deve ser desejado e buscado por todos, não basta dizer: “eu sou de Jesus, eu sou cristão” preciso estender a mão ao caído. A fé não é uma questão de retórica é uma questão de comportamento.

O Centro de Acolhimento SCJ tem sido uma boa notícia diante desse cenário doentio que estamos vivendo: uma avalanche de tantas notícias repugnantes, temerosas e negativas. As ações do projeto têm irrigado a alma, o coração de nossos paroquianos como também de tantos outros que ali encontraram ânimo para não desistir da vida, curativos para cicatrizem suas feridas, balsamo para atenuar sua dor. Essa não é apenas uma percepção minha, mas também dos nossos preciosos e indispensáveis voluntários como dos pacientes. É o que demonstram os depoimentos que seguem:


O Centro de Acolhimento foi apresentado pela primeira vez à comunidade do Bequimão no dia 14/08/2021. A apresentação do projeto já incluía seu funcionamento e abertura de inscrições para os primeiros serviços oferecidos pelo Centro.


Vídeo comemorativo de 1 ano de funcionamento do Centro de Acolhimento do Sagrado Coração de Jesus.

Centro de Acolhimento é pauta do Repórter Mirante. Matéria exibida no dia 22 de mai. de 2021.


Galeria de Fotos


1 ano de Centro de Acolhimento – Setembro/2021


2 anos de Centro de Acolhimento- Setembro/2022


Confraternização com a empresa parceira Plamont, responsável pela climatização e melhoria das salas de atendimento do Centro de Acolhimento SCJ – Janeiro/2023


3 anos de Centro de Acolhimento- Setembro/2023